Explorando o universo original de uma forma polêmica
Por
MIKA
Quando foi anunciado que o spin-off do mangá Soul Eater (que inclusive é escrito e
ilustrado pelo próprio autor da série original, Atsushi Ohkubo) iria ganhar um anime, houve controvérsias: Muitos
dos que não conheciam o spin-off esperavam uma história similar ao de Soul
Eater. Para os fãs mais hadcores, que esperavam o retorno do anime original, a
notícia lhes pareceu uma total decepção. Já para os mais leves foi uma “festa”,
querendo logo conferir a novidade. E quando ele chegou, enfim veio a reação
geral: Os hadcores xingaram, dizendo que fugia bastante do original, chegando
ao cúmulo de dizerem que aquele anime era uma ofensa a Soul Eater, visto que
carrega o nome do mesmo. Outros já afirmaram o contrário, que era um anime
muito bom, que fazia jus ao original e, chegou a um nível, que afirmaram
inclusive que é o melhor anime de 2014! Já os fãs menos informados, ao verem o
primeiro episódio sendo postado, acharam que se tratava de uma segunda
temporada, algo que nos primeiros minutos logo se mostrou um equívoco.
Que Soul Eater Not
carrega uma responsabilidade grande nas costas, isso é fato, uma vez que ele
deriva de um dos animes mais populares da cultura otaku (junto de Death Note,
One Piece, Naruto e outros). Agora, após seu fim, fica a duvida: Afinal, ele é
um bom anime ou não? Vale ou não a pena assistir? E é essa pergunta que vou
tentar responder em relação a ele. Já fiz minhas primeiras
impressões antes, mas será que minha opinião mudou em relação a alguma
coisa? Vale lembrar que este texto vai mais por minha opinião, por isso podem
me criticar nos comentários e dizer sua opinião sobre o anime em questão.
A
história
A história fala de Harudori
Tsugumi, 14 anos, uma nova aluna na Shibusen, que, antes de viver seu sonho
de ser famosa precisa arranjar um parceiro e sobreviver aos métodos de ensino
do Shinigami-Sama (ou, Deus da Morte). Ela é uma arma, e dentro da
estranha escola, conhece Meme e Anya e, olha só quem, Maka,
a heroína de Soul Eater! Como ela vai se virar naquele lugar?
Considerações
Técnicas
Eu já vou avisando que vou tentar
durante a análise não fazer tantas comparações a Soul Eater. Enquanto eu olhava
os comentários no final de episódios, os que adoraram o anime respondia para os
que estavam reclamando: “Isso daí é um Spin-off, não tem nada a ver como o
original!”. Claro que tinha aqueles que ainda achavam que era segunda temporada
ou tinham argumentos absurdos, mas eu quero deixar claro que não pretendo
analisar como derivado, mas sim como anime mesmo, como ele se saiu sem precisar
depender tanto do “pai”. Por isso, não vá lendo uns 4 parágrafos e já ir
comentando “Ai esse Mika tá sendo idiota por querer compara duas séries que
nada tem a ver a não ser o universos. Soul Eater NOT é diferente do original,
nada a ver o que ele fala”. Sim, sei que são diferentes, e não pretendo dizer
qual é melhor. Apenas quero ver como o NOT se saiu, e foda-se se é spin-off. As
comparações são apenas para exemplificar alguns pontos, mas assim como fiz em Kill la
Kill, não tentarei trazer muito das obras
anteriores.
E os outros personagens? Eles são
um verdadeiro caos. Você fica a espera de algo, mas o que mais vemos são
personalidades fracas e não tão interessantes. Somente nos últimos episódios
que Akane e Clay revelaram seu verdadeiro lado (que não vou falar qual é) e
mesmo assim pouco me importei quanto a isso. Vocês podem até se importado, mas
mesmo que tenha sido uma revelação não achei aquilo tão surpreendente. Talvez
seja pelo fato que nenhum mistério foi desenvolvido diante deles, já que foi
posto logo na nossa cara que os dois eram simples estudantes da classe NOT
(sim, o NOT não é de “Não”, mas sim de Normally Overcome Target). Mesmo
eles sendo os alunos a qual Sid confia missões importantes, ainda sim não passa
com força a imagem de que eles são especiais, simplesmente que eles são os mais
fortes ali e que são os “espiões” de Sid. Já os demais, nem vou comentar,
preferiria que nem existissem.
Talvez os personagens que possam
agradar a grande maioria sejam apenas os de Soul Eater, que fazem aparições
durante os episódios. Maka, Soul, Black Star, Death the Kid, Liz e Patty,
Doutor Stein... Ah, uma coisa: O
Shinigami-sama não aparece em nenhum dos episódios do anime, só aquela máscara
dele. Ou seja, se você pensa em assistir apenas para vê-lo, sinto em lhe
informar que nada vai adiantar. Aliás, um ponto positivo que achei no anime é
que aqui é mostrado mais o desenvolvimento das irmãs Thompson antes de se
tornarem parceiras do Kid. Eu poderia falar sobe como foi contada o início da
parceria de Kim e Jacqueline, duas personagens do original, mas achei meio
ridículo. Ah, e o oposto da classe
NOT é a classe EAT (Especially Advantaged Talent) que é a classe da qual Maka,
Soul e os demais fazem parte.
Sendo um “slice of life com
elementos de Soul Eater”, a trama pode decepcionar muitos que esperam lutas
fodidas como em Soul Eater. Tem até umas lutas, mas elas são raras nestes 12
episódios. A luta contra a vilã Shaula se resolve em poucos minutos, sendo que
o trio principal usa o “poder do protagonismo clichê” somado a um Deus Ex
Machina para vencê-la, sendo que ela era pra ser, segundo o roteiro, uma das
bruxas mais poderosas que existe. Não é explicado em nenhum momento de onde
vem esse poder, muito menos o motivo delas conseguirem evocá-lo. O mais
incrível é que mesmo conseguindo a alma da bruxa, elas continuam na classe NOT,
a classe em treinamento. Por que não mudaram se já demonstravam talento para
serem da EAT, a classe dos artesões? Vai saber. Ou ainda: Tsugumi é uma arma
que vira um tipo machado com lança. Beleza, isso é aceitável, visto que a
Tsubaki vira um monte de armas. Mas e quando ela consegue criar asas e Anya
e Meme a usam para voar, como se fosse uma vassoura de bruxa? Como ela consegue
criar asas, nem mesmo as outras armas fazem isso? É a coisa mais ridícula que
eu já vi. Além disso, como já mencionei, só tem “slice of life” com
comédia, que é bem forçada. Eles tentam contar o dia-a-dia das garotas enchendo
a tela de humor desnecessário com insinuações yuri, fazendo com que NOT não se diferencie de outros animes do
gênero como K-On ou Lucky Star. Sei que tem público para esses tipos de anime,
mas a trama acabou por se perder muito. Tentam inserir drama no meio, e mesmo a
história da Liz e da Patty tenha sido legal, o drama não é tão convincente.
A boa é que o ecchi aqui não é tão
constante, como em Soul Eater ou em outros animes que tem saído estes últimos
anos, mas a forma como tudo se arrasta, começando de uma forma lenta e depois
correndo com tudo acaba soando meio falsa. O ponto que eu achei que fizeram de
forma boa foi o shoujo-ai que depois
virou yuri no último episódio. Fora
isso, mais nada...
A animação é bem simples, colorida
e brilhante. É, colorida e brilhante. Se você espera o mesmo clima sombrio de
Soul Eater, esquece! Tudo aqui é “bonitinho” e bem “moe”. Não sei se foi
iniciativa do próprio autor, mas os personagens estão todos como personagens
daqueles animes bem “moe” mesmo. Fato que o traço dele evoluiu muito, daquele
traço feio e brusco que tinha no início para algo mais bonito e bem ajeitado,
mas ainda sim achei essa decisão de deixar tudo moe foi meio ridícula. Não
estou falando por aqueles que viram o anime original (que adaptou o traço
inicial de Atsushi Ohkubo, com algumas melhorias) mas por que achei que
fugiu um pouco do mangá original, e ficou com a mesma cara de outros animes do
gênero. O traço único de Ohkubo não existe no anime, só um traço comum e sem
graça. Eu li alguns capítulos do NOT e ali até que certa emoção se consegue
passar, mas no anime não é o mesmo. A adaptação é bem falha.
A dublagem tem seus altos e
baixos. A iniciativa de trazer os dubladores originais, eu até que curti. Saori
Hayami (a Ikaros de Sora no Otoshimono) como Anya combinou, e gostei
da atuação de Aoi Yuuki (Madoka de Madoka Magica) como Meme. Só
que a novata Haruka Chigusa como Tsugumi não conseguiu transmitir emoção para uma
personagem que isso já não fazia. A voz dela achei bem irritante, e não está no
mesmo nível “profissional” de suas companheiras. Um erro colocarem como
protagonista uma novata que mal entrou para este ramo e ainda está aprendendo a
dublar. Na parte técnica tivemos Masakazu
Hashimoto (Tari Tari) na direção e nos roteiros, Satoshi Koike (Symphogear)
cuidando do character design e da direção de animação, Toru Fukushi (Reboot de Evangelion)
na direção de fotografia, além da dupla Asami Tachibana (Robotics;Notes) e Yuuki Hayashi (Blood Lad)
cuidando da trilha sonora, tudo produzido pelo estúdio BONES (o mesmo de Fullmetal
Alchemist, Soul Eater, Noragami, No. 6 e Gosick)
que segundo Atsushi Ohkubo, se esforçou bastante para realizar uma boa série
(também, depois de pisarem feio na bola com aquela segunda metade de Soul Eater
no anime, só fazendo algo decente pra se desculpar mesmo). A abertura e o
encerramento até que são bonitinhas, mas não compensa a confusão que fizeram na
trama.
Comentários Gerais
Soul Eater NOT possui muitas falhas: Personagens sem graça, histórias que
se contradizem, um desenvolvimento péssimo, soluções retiradas do nada, um
humor forçado e um péssimo desenvolvimento. A adaptação é bem fraca se
comparada com o mangá. Sobre a recomendação, eu digo que isso vai pelo
gosto. Se você é fã de Soul Eater ou não tá nem aí para a trama original, e
quer acompanhar essa história, recomendo que peguem o mangá e esqueçam o
anime, pois ali a experiência será melhor. Agora, se você não gosta de
slice of life ou acha desnecessário um spin-off, de boa, pode passar longe.
O autor já declarou que o mangá acaba no volume 5, que ainda será
lançado, mas ele disse que teria todos os capítulos prontos até Junho. Como faz tempo que não leio o mangá, não sei
se isso se concretizou, mas ao que deu pra entender tudo já está nas mãos
do BONES, que deveria cobrir o mangá por completo em sua animação. O curioso
é que o autor diz que gostaria que as pessoas acompanhassem o climax da série
justamente no anime e que por isso não gostaria que pegassem spoilers no mangá!
Bizarro, não? Pois se isso realmente ocorreu, então não seria a primeira vez. Vale
lembrar que Hiromu Arakawa havia entregado também o roteiro final de Fullmetal
Alchemist para que “Brotherhood” terminasse exatamente com a mesma
história – tanto que terminaram na mesma semana. Mas o final do anime, para
quem viu, não foi nada demais. Será que o próprio autor teria pisado na bola?
Não é a primeira vez que isso ocorre, visto Tite Kubo (autor de Bleach) e
Matsuri Hino (autora de Vampire Knight) que escorregaram feio em seus próprios
mangás (principalmente esta última, que conseguiu entregar um péssimo final
para Vampire Knight). Resta saber se a JBC (que publica o mangá de Soul Eater
no Brasil) se animaria em trazer seu spin-off.
Ah, e só para deixar de bônus,
encerrando com o original Soul Eater. Já que citei tanto
ele neste post, tenho de pelo menos dar os créditos.
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