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sábado, 28 de junho de 2014

Analisando- O incrível mundo dos jogos de No Game No Life

Vamos jogar?

Por MIKA

Com a temporada de Abril chegando ao fim, muitos animes bons se despedem. Alguns ainda vão sobreviver por um tempo, tipo Haikyuu e Mahouka. Ainda sim devo afirmar que esta temporada foi até que boa, tivemos muitas surpresas, e acredito que até agora esta temporada foi a melhor de todas. Agora, eu aqui, irei fazer uma singela análise de um dos animes que mais se destacaram: No Game No Life, o anime “brazuca”. Para os que não sabem, o autor da novel a qual o anime se baseia é um brasileiro chamado Yuu Kamiya, cujo nome verdadeiro é Thiago Lucas Furukawa. Sim, é exatamente isso. Foi um brasileiro quem está por trás deste anime, o que chamou a atenção de muita gente. Talvez outro fator para essa atenção toda tenha sido o fato de Kamiya ser o character design das novels de Itsuka Tenma no Kuro-Usagi (que ganhou um anime em 2011). Eu inclusive já fiz primeiras impressões do anime, e agora é hora de dar o veredito! Vale lembrar que esse texto vai mais por minha opinião, por isso podem me criticar nos comentários e dizer sua opinião sobre o anime em questão.
Depois de 12 episódios, será que o anime cumpriu seu potencial? Será que esse anime conseguiu uma qualidade boa, mesmo sendo de um brasileiro? Afinal, se mesmo os japoneses falham, o que seria dos brasileiros? 
Antes de continuar, que quiser pode ver a análise do ElfenLied Brasil, que lá exprime outro ponto de vista.
A história
A história gira em torno do garoto Sora e da garota Shiro, dois irmãos que carregam a reputação de serem NEETs brilhantes  
(ou seja, dois garotos que não estudam, não trabalham, não fazem nada da vida, só ficam na frente do computador). Os dois hikikomoris são gamers conhecidos por toda a internet pelos seus feitos brilhantes, enquanto encaram a vida real apenas como um jogo chato, defeituoso… Um dia eles são “convidados” por um garoto chamado de Deus Tet para uma espécie de mundo alternativo onde tudo é decidido na base dos jogos: aqueles que vencem recebem a propriedade de tudo e com isso a humanidade estará livre de guerras, mas próxima do colapso. Agora resta saber se Sora e Shiro serão capazes de “vencer” esse jogo também para evitar que o mundo acabe.
Considerações Técnicas
Se em algum momento você pensou em comparar No Game No Life com Sword Art Online por causa temática de games, é melhor tirar o cavalinho da chuva. Na verdade a série tem um aspecto muito mais próximo de séries como Phi Brain e talvez uma pitada de [C] - claro que com uma identidade e uma proposta diferente, mas a ideia de salvar a humanidade com jogos nos remete a ele. No mais, o potencial no papel existe.  Seguindo o ritual padrão, falarei dos personagens primeiro. A começar pelos irmãos Sora e Shiro. No anime não é mostrado o sobrenome deles, e isso não tem importância nenhuma. Sora, o irmão de 18 anos, é um cara que segue a risca a linha tênue entre a babaquice e a genialidade: O cara tem seus momentos bem cômicos e “idiotas” no bom sentido, mas ele também se demonstra um gênio sem igual, um estrategista tão brilhante quanto o Shikamaru de Naruto. Talvez melhor! Fora que o cara é bem ousado e quer ser um Deus o que poderia aproximá-lo do Kira, mas diferente do Kira, Sora tem compaixão e não pensa duas vezes na hora de poupar o outro. Basta ver o último episódio, que é um belo exemplo disso. Já Shiro, 11 anos, é a menina loli que aparenta ser frágil, mas se mostrou tão inteligente quanto o irmão, ou até mesmo mais inteligente que o mesmo. Só pra ter uma noção, ela faz uns cálculos complicados que nem eu conseguiria. E ela só tem 11 anos! Ela pode parecer meio “sem emoção” em alguns momentos, mas ela, junto do Sora, complementa os momentos de comédia e empolgação. Não é a toa que no anime eles formam a dupla “Kuhakuu” que jamais perde.
Stephanie (ou Steph) é a garota tida como “alívio cômico adicional” uma vez de apesar de ser inteligente em alguns momentos, ela acaba na maioria das vezes sendo a “idiota que sempre se dá mal”. Basta ver no episódio 06, que ela se ferrou por completo. Nos demais, dispenso comentários. Ela pra mim é uma personagem “gostável”.
 Jibril é minha favorita. A garota é uma “esfomeada por conhecimento”, e sua devoção pelos seus mestres chega a ser meio doentia. Ela protagoniza diversos momentos engraçados também. De todos os personagens, ela foi a que achei mais divertida. Talvez eu goste dela por ela ser gostosa, mas sei lá... Sei que ela tem uns seios bem grandes, mas a Steph e a Feel estão no mesmo nível...
Clammy (ou Kurami em algumas adaptações) tem 18 anos e é uma personagem que pode dividir um pouco os fãs. Ora ela é engraçada, ora é uma mosca-morta... E ficou ainda aquela implicância por causa do tamanho dos peitos dela, que eram bem pequenos... Será que tinha necessidade? Feel é a elfa que se tornou amiga dela, e é justamente a garota “inocente” desse anime. É meio zoado a relação dela com a Clammy, parece algo yuri, não sei direito. Ah, e apesar de ter aquele corpão e aquela carinha de criança, ela tem 52 anos, só pra constar...
Por fim, temos Izuna, de 8 anos, a garota que não sei se é metade raposa ou metade lobo ou até mesmo metade gato...  Não sei. Só sei que ela é tão fofa quanto a Shiro! Acho que os lolicons de plantão com certeza iriam pirar. É bem engraçado o jogo entre ela e o Kuhakuu, a personalidade dela condiz com a realidade onde ela está, não é nada fora dos padrões. Age com certa frieza em alguns momentos, mas em outros ela condiz com sua idade. Uma personagem encantadora... Não tanto quanto a Jibril, mas...
 Eu até poderia falar do Deus Tet, mas ele pouco aparece, aí não sei dizer sobre sua personalidade, o pouco que vi ele parecia agir como uma criança que está empolgada em jogar contra Sora e Shiro.
Agora vamos para o enredo, e que enredo! Só pela sinopse já dá pra ver que o que vemos é um anime aonde a inteligência e a estratégia são as armas principais. Tem gente que diz que se decepcionou porque quase não tem luta corporal, mas porra, e daí? Nem Death Note tinha, e era foda. Então, já vou alertando que para aqueles que só gostam de animes de lutinha (os battles shounens) que continuem na de vocês com Naruto ou Dragon Ball. No Game No Life, assim como Death Note, não foi feito para quem só gosta de ver anime de porrada. A trama é toda composta de pura inteligência, uma vez que ali eles estão lidando com jogos como xadrez ou truco. Até mesmo nos mais simples jogos há certa estratégia em campo. Em que outro anime uma simples partida de jo-ken-pô ou um simples cara-ou-coroa acaba envolvendo estratégias incríveis, com cálculos matemáticos bem avançados? Sim, este anime é um pouco complicado, talvez pra quem seja bom de matemática seja mais fácil acompanhar a linha de raciocínio dos personagens. Se você aprende química com Fullmetal Alchemist, como No Game No Life aprendemos um pouco de matemática e estratégia.
 O mais legal é que no meio de tantas batalhas intelectuais e psicológicas, a trama não se perde. Ela se mantém fluida o anime inteiro, tudo o que acontece lá, por mais complicado, e até mesmo absurdo que seja, faz o maior sentido. A ambientação, a história do mundo aonde os protagonistas se encontram, tudo é bem explicadinho, e de forma convincente. Claro que não dá para explicar tudo, uma vez que para um anime de 12 episódios não dá para mostrar tudo, mas ainda sim o que foi mostrado conseguiu surpreender muita gente. Talvez o fato da dupla de protagonistas nunca perderem nenhum jogo faça com que a trama seja meio previsível, mas a questão não é se eles vão vencer, mas como vão vencer. Em diversos momentos, eles ficam nas situações mais complicadas, e você fica na expectativa de como eles vão sair dessa. Tome o último episódio, que mostrou o quanto Sora e Shiro são geniais para bolarem uma estratégia para escapar daquela péssima situação. Ou ainda, nos episódios 3 e 4 aonde Sora acha um jeito bem engraçado de vencer, que faz com que você role de rir. As jogadas e as reviravoltas sempre dão um toque a mais na trama, fazendo com que sua ansiedade pelo próximo episódio só aumente. É um anime que vicia, e vicia mesmo.

Outro fator bastante bacana é as inúmeras referências a outros animes, como Jojo’s Bizarre Adventure. Ou ainda a games como Final Fantasy. Isso é um ponto bem positivo, pois enriquece mais a trama (e a comédia). Animes fazendo referência a outros não é coisa nova, vejam, por exemplo, Outbreak Company ou Lucky Star. Mas, pelo menos pra mim, acho divertido quando fazem referências. E, sendo sinceros, um anime que faz referência a games é algo que pouco se vê. E essas referências tem tudo a ver com o contexto do anime.


 Talvez o maior defeito do anime seja seu ecchi. Se em Kill laKill a presença e o uso constante do ecchi já causava certo repúdio pelo público (em geral, feminino), em No Game No Life o mesmo pode ocorrer. Já não basta a Stelph, a Jibril e a Feel serem bem peitudas, em alguns momentos elas ficam nuas, principalmente nas cenas de banho. Claro que o anime censura (um pouco, mas censura), mas ainda sim temos vários momentos aonde o apelo sexual é usado.


Isso poderíamos considerar como um defeito para alguns e um detalhe para os outros. Dá para ignorar o ecchi? Claro. Com tantas coisas fodas ocorrendo, só mesmo sendo um tarado que só sabe se masturbar com garotas de anime pra querer prestar mais atenção nos peitões e nas calcinhas e nas cenas de nudez (sem ofensas). Dá para evitar o ecchi? Na maioria das vezes não, pois você o vê ali claramente. Meu conselho é que não fiquem ligando pra isso, se deixem levar pela história. O ecchi é só um detalhe. Mas ainda sim, ele está lá, e alguns momentos, por mais incrível que pareça, ele acaba sendo parte importante da trama. Eu poderia dar exemplos, mas aí eu acabaria dando muitos spoilers, e o pior é que esses spoiler seriam de partes bem importantes do anime. A única coisa que posso falar é que não há outro anime aonde a área andrógena de uma garota seja em suas asas (Dica: Se sua namorada for alada, fique esfregando o dedo nas asas, perto de onde nascem as penas na estrutura principal. Segundo este anime, ela vai sentir prazer e vai gemer como se estivesse sendo penetrada).


 E para poder esclarecer tudo o que falei sobre o ecchi, falarei de algo que só pelos personagens que apresentei vocês já devem ter adivinhado neste anime: Harém. Sim, existe um harém, só que diferente. Apesar do ecchi, nenhuma garota fica pelada para poder seduzir o protagonista. Pelo contrário, mesmo estando apaixonadas por Sora, nenhuma delas toma estas atitudes, no geral é Sora quem tenta vê-las nuas. Aliás, o cara nem liga se tem um harém ou não, ele só quer seguir sua vida com jogos e com o objetivo de se tornar Deus. Ou seja, é um harém bem diferente do que estamos acostumados.


Sobre a animação, é algo bem surreal e colorido. As cores brilham e são suaves, parece até que estamos em um sonho. O designer dos personagens é bonito. Os desenhos de Yuu Kamiya são muito lindos e com bastante vida, e o anime conseguiu transmitir tal sensação. O 3D, apesar de pouco presente, também garantiu uma qualidade muito boa. Sob a direção de Ishizuka Atsuko (Aoi Bungaku, Supernatural) e roteiros de Hanada Jukki (Level E, Kuragehime), posso afirmar sem dúvida alguma que o estúdio MadHouse (Death Note, Nana, Chobits, Hunter x Hunter) fez um bom trabalho. Eu li em algum lugar que MadHouse deveria usar o mesmo padrão de animação que usou em Death Note em todos os animes. Isso foi um leitor quem fez acho que em um post de anúncio de No Game No Life. Achei isso um absurdo, pois mesmo Death Note sendo um grande sucesso do estúdio (e convenhamos que hoje em dia a MadHouse não é mais o estúdio que temos certeza de sucesso no Japão) acredito que usar o mesmo clima sombrio em todos os animes não vá garantir sucesso. Até porque nem todos os animes produzidos pelo estúdio tem o mesmo clima, como No Game No Life ou em Hunter x Hunter. Ainda confio um pouco no MadHouse mesmo com suas mancadas (os animes da Marvel foram as piores) e ele ainda é um dos estúdios mais tops do Japão. A verdade é que todo estúdio produz um anime ruim em algum momento, mas isso não significa que o estúdio em si seja ruim.


 Sobre a dublagem, achei muito foda. Yoshitsugu Matsuoka (o Kirito de SAO) fez um bom trabalho como Sora, junto de Ai Kayano (a Menma de AnoHana) que estava no papel da Shiro. Ainda tivemos: Yoko Hikasa (a Mio de K-On!) como Steph; Yukari Tamura (a Rika de Higurashi no Naku koro Ni) como Jibril; Yuka Iguchi (a Index de To Aru Majutsu no Index) como Clammy; Mamiko Noto (a Ai de Jigoku Shoujo, e uma caralhada de personagens famosos que vou deixar para vocês pesquisarem) no papel de Feel; Miyuki Sawashiro (a Saeko de HOTD) como Izuna; e por fim Rie Kugimiya (o Alphonse de Fullmetal Alchemist) como o Deus Tet. A trilha sonora é fantástica, destaque para a música “This game” por Konomi Suzuki (a mesma de Tasogare Otome x Amnesia).


Comentários Gerais

No Game No Life foi o que Strike the Blood deveria ter sido: Um protagonista inteligente e ao mesmo tempo engraçado, personagens bastante carismáticos, um humor natural e que sempre aparece nos momentos exatos, um harém equilibrado, e por fim, a cereja desse bolo de chocolate com morangos e cobertura de baunilha:  conflitos e situações não resolvidos na porrada, mas com jogos aonde as armas são a inteligência e as peças do jogo. Eu estou comparando com STB porque STB também tinha potencial (coloquei isso na análise), mas foi tudo desperdiçado, enquanto em No game No Life isso não ocorre. Vou falar uma coisa, um desabafo geral: Yuu Kamiya, mesmo sendo brasileiro, fez uma obra que em muita coisa supera as bostas que os japoneses têm criado esses anos, como STB. Sei que sempre tem um anime ou outro que é legal, mas no geral a maioria só se foca em batalhas e em um ecchi com harém, que acabam só atrapalhando a trama. Claro que o ecchi de No Game No Life é clichê, mas ele ainda sim consegue superar muitas coisas. Até algum tempo eu dizia que somente o país de origem de determinada marca conseguiria produzir algo bom com ela, visto como fracassaram as adaptações em anime da Marvel e o filme de 1998 do Godzila, produzido em solo americano. Foi só No Game No Life e o novo Godzilla chegarem pra tudo mudar. Yuu pode ser brasileiro, mas a forma como ele criou sua novel é bem típica dos japoneses, só que indo para um patamar tão bom quanto a série Monogatari de Nisio Isin. Talvez seja por ele estar naturalizado no Japão que ele acabou pegando o ritmo das coisas mais facilmente, não sei direto...
Eu recomendo bastante este anime. É uma história engraçada, cheia de embates psicológicos, fugindo do tradicional battle shounen, e ainda nos apresenta elementos bem surreais e bem utilizados. Se você gosta de animes aonde há mais batalhas psicológicas e intelectuais, recomendo este anime. Se você gosta de uma boa comédia, recomendo este anime. Se você se cansou do tradicional anime de batalha, recomendo este anime. Mesmo se você só quiser ver as garotas peladas e que se foda a história, No game No Life também é uma boa indicativa (e acredito eu que você vai acabar prestando mais atenção na história que nas meninas peladas). Agora, se você não tem paciência para ver um anime sem lutas, ou não gosta de animes de ecchi independente se a trama for boa ou não, então passe longe deste anime. Apesar de eu achar que uma pessoa que só vê anime de luta deveria experimentar outros gêneros, não irei obrigar ninguém a ver. Mas se você tem preconceito por causa do ecchi ou da falta de lutas, recomendo que assista pelo menos 3 episódios antes de tirar qualquer conclusão precipitada.
A novel, publicada pela Media Factory tem 6 volumes e se encontra em publicação. Então, ainda temos um pouco de material para uma segunda temporada. Por enquanto ainda não saiu a média de quanto os DVDs ou BDs venderam, então não sei dizer se foi um fracasso ou um sucesso, portanto não sei quais as chances de uma segunda temporada. Mas é merecido uma continuação, não concordam?
Por MIKA
Ah, e a Jibril continua sendo a melhor personagem, só pra constar.

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