Por Athena!
Por
MIKA
Olhando para nossa volta, vemos o quanto a cultura dos
mangás e dos animes cresceu. Graças a Internet, sucessos como SAO ou Shingeki
chegaram até nós, ocidentais. E, para que tenhamos interesse e entendimento
disso, foi preciso de um esforço das emissoras e editoras brasileiras para
trazer estes produtos até nós. No início dos anos 90 chegava ao Brasil um anime
que foi o principal percussor da cultura otaku no Ocidente e aquele que foi
responsável pela formação do conceito que antes era desconhecido para os
ocidentais. Sim, estou falando de Dragon
Ball! Não, espera... Estou falando de Saint Seiya, ou como conhecemos, Cavaleiros do Zodíaco. Junto de DBZ,
CDZ pode se considerar um dos animes mais importantes da infância dos anos 1990
(olha, ambos terminam com o “Z” no final!). A série foi um marco para as
crianças daquele tempo, e 20 anos após sua chegada no Brasil, vemos seu sexto
filme, A Lenda do Santuário,
desembarcando no país pelas mãos da Diamond Films (a mesma responsável por
trazer Dragon Ball Z: A Batalha dos
Deuses). Este filme tem como missão resgatar a nostalgia dos adultos que
forma crianças na década de 1980/1990 e ao mesmo tempo apresentar a série para
a nova geração que talvez saiba até da importância de CDZ, mas nunca viu algum
episódio para saber do que se trata. E
eu tive a chance de ver este filme. Como será que ele se saiu? Vale lembrar que
este texto vai mais por minha opinião, por isso podem me criticar nos
comentários e dizer sua opinião sobre o filme em questão. Ah, e este post pode conter spoilers do filme, então leiam por sua
própria conta e risco.
Sinopse
16 anos atrás, um homem idoso chamado Mitsumasa Kido encontra em uma montanha do Himalaia um bebê perto
de um corpo moribundo de um cavaleiro de ouro. O bebê, que é batizado de Saori Kido, é a reencarnação de
Athenas, e quando chegasse ao 16º aniversário, cavaleiros iriam passar a
protegê-la. Eis que chega o dia, quatro cavaleiros surgem: Seiya de Pégaso, Shiryu de
Dragão, Hyoga de Cisne e Shun de Andrômeda (Ikki de Fênix surge mais tarde). Porém, uma falsa Athenas está no
Santuário e muitos afirmam que Saori é a impostora. Para provarem que Saori é
mesmo a reencarnação de Athenas, os Cavaleiros de Bronze precisam levar a
garota até o Santuário, mas para isso terão de atravessar as 12 casas guardadas
pelos Cavaleiros de Ouro, que possuem um poder próximo ao de um deus.
Considerações
Técnicas
CDZ: Lenda do Santuário tenta duas proezas difíceis:
Recontar uma das mais populares sagas de CDZ de uma forma nova, mesclando
coisas da série clássica com o recente Ômega, e tentar resumir 73/74 episódios
em 93 minutos. E ele consegue isso em partes: A trama começa de forma leve, com
algumas explicações, com uma ou outra batalha, para lá mais para frente,
começar a ficar um pouco corrido. Vimos batalhas nas casas de Áries, Touro,
Câncer, Aquário, Escorpião, Capricórnio sendo bem resumidas (sim, não tivemos a
casa de Peixes ou Sagitários). Certo, mas até aí tudo bem se não fossem os
personagens: Alguns personagens foram
remodelados de tal forma que ficaram meio que irreconhecíveis. Máscara da
Morte é um exemplo. Ele era o cara cruel e sanguinário, que no filme virou uma
piada total, o alívio cômico, totalmente transformado numa versão bizarra do
pirata Jack Sparrow, com direito a
número musical e muita vergonha alheia. Já Milos
no filme é uma mulher (WTF?!), mesmo assim ainda conseguiu passar o bom e velho
espírito de... Milos (?). E Afrodite?
Ele não morre na batalha contra o Shun (que nem ocorre) ele é morto pelo Saga,
nem aparece direito, quando aparece já morre! Seiya de Pégaso, o personagem principal, também serve como alívio
cômico, sempre atrapalhado e fazendo piadas. Ele contrasta com o sério Hyoga de Cisne e o nerd Shiryu de Dragão (este sempre abusa dos
detalhes nas suas explicações). Shun de
Andrômeda, por outro lado, parece ter aceitado a polêmica de usar uma
armadura rosa e com seios, de ser um personagem andrógeno e de sempre depender
do irmão Ikki de Fênix (embora não
seja explícito, seus movimentos, diálogos e gestos podem dar a entender que ele
é gay). Mesmo assim, o humor no filme é razoável, você ainda consegue rir com
algumas coisas, com as trapalhadas de Seiya, e isso achei bem legal.
E as lutas? Pois é, elas são poucas e rápidas, e ficam meio
sem sentido. O objetivo do filme era dar foco a batalha do Santuário, mas as
lutas não empolgam muito, no fim isso não funciona direito. Fica tipo “Pô, eles
tem de passar pelas 12 casas, têm cavaleiros em cada casa, mas eles passam
simplesmente, quase não lutam!”. Shaka
contra Ikki, por exemplo, não existe. Ikki só aparece mais pra frente, e
Shaka já é introduzido como o “bonzinho”. Vários momentos épicos e partes
importantes que não deveriam ser deixadas de fora simplesmente foram deixados
de lado.
Além
disso, pela forma como tudo ocorre, a nova geração pode não entender direito
como as coisas funcionam. A apresentação dos personagens principais
não foi ruim, mas ficou tipo um conto de fadas “Olha você é a princesa, somos
os cavaleiros, devemos te proteger”. Aí ficam as dúvidas: O que eles ganham
fazendo isso, por que tem de protegê-la. Eu até entendo o que eles querem
fazer: A primeira parte do longa basicamente serve para sintetizar os
acontecimentos que fizeram Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki se unir em torno
de Athena, sem tocar em quase nenhum detalhe explorado no anime e no mangá, só
para chegar ao Santuário.
Mas o filme é ruim? Não é um todo ruim, só seu roteiro que é
mal trabalhado. Em compensação, os cenários são lindos, a animação é perfeita.
Num primeiro momento achei que estava vendo um filme do Final Fantasy, devido
ao CG dos personagens ser o mesmo da franquia (a Saori ficou parecendo a
Lightning fazendo cosplay de Athena). Dá para ver que o Santuário parece ter
referências a Final Fantasy, as cenas pareciam ter sido retiradas dos jogos da
franquia...
Os
golpes são a melhor parte. Embora as lutas sejam ruins, os golpes tipo
Cólera do Dragão e Corrente de Andrômeda ficaram espetaculares, algo que eu
nunca tinha visto antes. O Meteoro de Pégaso bem representado por meteoros e
bolas de energia. O Cólera do Dragão de Shiryu mostra um dragão gigante que
preenche a tela. Nossa, foi um belo espetáculo.
Porém, o principal ponto forte do filme é a dublagem. Só de
ouvir a voz de Hermes Baroli (Seiya), Letícia Quinto (Saori) e outros
dubladores, já causa certa emoção. A Diamond
Films fez um excelente trabalho, tal qual tinha feito com Dragon Ball Z- A Batalha dos Deuses.
Comentários
Gerais
Lenda
do Santuário caiu
aquele estranho limbo dos reboots que tentam, ao mesmo tempo, alcançar um
público novo e agradar os fãs já existentes, mas não conseguem nenhum dos dois
objetivos com êxito, mesmo assim ainda possuem algumas coisas para agradar uma
pequena parcela dos fãs. A direção de Keiichi
Sato é duvidosa, mas não totalmente ruim. Eu gostei do filme, não é “o
melhor filme do mundo”, mas ainda consegue ser bem divertido. Eu tinha ido ver
com dois amigos, um gostou pra caramba, outro achou mais ou menos (ele ficou
mesmo é puto pelo fato do Shiryu, além de não estar cego, não ter usado o
último Dragão). Ou seja, dependendo do seu gosto, o filme pode ser ruim,
mediano ou bom. N fim, o filme se resumi a uma coisa: Ele tem potencial para divertir, mas no fim da sessão deixa um gostinho
de “poderia ter sido melhor”.
Se você é fã ardoroso, vai ter que manter a cabeça aberta
para aceitar o que mudou. A mensagem principal do desenho - confie em seus
amigos, nunca desista -, ainda está intacta. Só prepare-se para vê-la de um
jeito bem diferente do que você está acostumado. De qualquer forma, ainda serviu para revitalizar um público que nunca
morre no Brasil, de uma das franquias mais queridas e rentáveis em nosso solo.
Trailer do filme:
E SÓ
PARA RELEMBRAR OS VELHOS TEMPOS, DUAS BELÍSSIMAS IMAGENS:
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